BEM-VINDOS!

ESTE BLOG NÃO É RECOMENDADO AOS QUE PENSAM EXISTIR A VERDADE

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

OS CAMINHOS TORTUOSOS DA HUMANIDADE


Kleilson estava indignado ao lado de Pomageus.
- Nós, quando construímos uma casa, fazemos um projeto e planejamos tudo, até como será usada, e, além disso, mantemos um seguro contra terremotos, enchentes e fogo. O senhor, meu pai, como fez o ser humano?
- Sopre-lhe a vida num molde de barro.

As repostas simplórias de Pomageus deixavam Kleilson indignado.
Ele estava vivendo no inicio do Século XXI e via um fenômeno se materializando forte na sociedade contemporânea, a pedofilia. Melhor seria dizer, a caça a pedófilos.
Tecnicamente, a pedofilia é considerada uma doença, que se manifesta através de desejos de práticas sexuais e de fantasias com crianças pré-púberes.
A existência de pedófilos sempre dependeu muito da estrutura familiar e do poder de quem estivesse envolvido. O exemplo dos padres católicos é mais do que elucidativo de como se processava a questão entre nós.
Com o advento da Internet, com a comercialização de fotos e de cenas gravadas, tudo se alterou e o que era uma prática particular virou uma comoção social pública.

Kleison não tinha esperanças de que Pomageus, com sua simplicidade, desse-lhe respostas esclarecedoras, mas, ainda assim, perguntou-lhe:
- Pai, por que os caçadores de pedófilos incluem a prática de atos sexuais com adolescentes na mesma questão das crianças pré-púberes?
Surpreso, ele escutou Pomageus:
- Lembra-se de que você brigava comigo por eu ter separado a Luz das Trevas?
- Sim.
- Não foi isso que causou a falta de discernimento aos homens; ali, de fato, eu só criei o primeiro relógio da humanidade, com o dia e a noite. A questão da irracionalidade começou quando eles, Adão e Eva, comeram do fruto proibido.
- Quando eles viram que estavam nus e sentiram vergonha?
- Sim, meu filho, para os caçadores de pedófilos, não cabe distinguir os atos de adultos com crianças dos atos de adultos com adolescentes, cabe tão somente enquadrar o prazer que ambos os atos produzem e de se envergonharem de, também, serem portadores destes desejos proibidos. Os caçadores de pedófilos são, em sua maioria, lobos vestidos de cordeiros.
- Kleilson, finalmente, concordou com Pomageus, mas curioso perguntou-lhe como ele sabia disso?
- Criaram-me simplista, mas evolui. Foram os meus filhos que não – e soltou uma retumbante gargalhada.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A IRA DE POMAGEUS CONTRA KLEILSON


As acusações de que Pomageus havia criado a Luz e infernizado a vida das pessoas, não foi muito bem digerida pelo poderoso mágico. Na primeira oportunidade, ele chamou Kleilson e lhe disse:
- A questão que te incomoda não é a Luz, meu filho, o que te deixa neste estado de revolta é a tua expulsão do paraíso e, mais precisamente, de não teres comido o fruto da vida eterna. Irás morrer! Isto sim é o teu verdadeiro amargor.
- Meu pai, olha bem pra ti mesmo. Tu és o Verbo que se fez Carne, tu és tão somente a palavra, um signo, som e conceito. Tu não existes na realidade, tu és uma ficção, uma ficção das mais ingênuas possíveis, uma necessidade infantil do ser humano. Tu és a projeção do desejo dos que se imaginam eternos e poderosos, dos que são egoístas e possessivos, dos que não aceitam a morte.
- Tu aceitas a morte? – perguntou Pomageus, incrédulo.
- Sim, porque a vida eterna me cansaria e não me daria mais prazer.
- Eu tenho a vida eterna e não me canso.
- De que me adiantaria ser Kleilson, um som e um conceito, um signo, uma palavra repetida eternamente pelas pessoas depois da minha morte?
- Eu existo, tu não podes me matar!
- É verdade, meu pai, eu sou tão somente sujeito da palavra, e ainda que eu diga que tu não existes, mesmo assim, Pomageus, o signo, me constitui e me dá vida.
- Então, voltemos a viver em harmonia, meu filho.