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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um Novo Começo Para Começar De Novo


Pomageus e Kleilson, pai e filho, estavam sentados, lado a lado, no alto de uma montanha.
- Pai, disse Kleilson, virando-se com os olhos esperançosos para o velho Pomageus, se isso tudo é nosso, e fez um largo movimento com a mão direita, voltando a olhar pra frente, como se apontasse para o infinito, somos os donos do mundo.
- Eu sou o dono do mundo, meu filho, você só será dono quando eu morrer.
- Ah, é verdade, concordou o jovem Kleilson um tanto decepcionado.
- Por que você quer ser o dono do mundo, meu filho?
- É que às vezes penso que tudo que o senhor fez está errado.
- O quê, por exemplo?
- Este negócio de ter dia e noite.
- Mas, meu filho, se eu não tivesse feito o dia, hoje você estaria morrendo de frio na noite eterna.
- Pelo que eu sei, meu pai, o senhor separou a Luz das Trevas; se fosse para resolver o problema do frio o senhor teria criado, já no primeiro dia, o Sol.
- Dá na mesma, meu filho, criar o Sol ou separar a Luz das Trevas, significou a mesma coisa.
- Para mim, não!
- Como assim?
- Não é a toa que o senhor nunca foi jovem, acho que o senhor sempre foi um velho ultrapassado.
- Não vou aceitar ofensas, meu filho.
- Está bem, desculpe-me! Mas dizer que o senhor não entende de jovens não é ofender, é uma realidade, o senhor sabe, por acaso, o que um jovem sente quando está exposto à Luz, meu pai?
- Como eu, sente alegria de poder ver tudo com mais clareza.
- É! E o que ele faz com toda esta clareza clareando impiedosamente o seu desejo, que o senhor não permite que ele mostre?
- Nossa! Agora, você pegou forte!
- É! E o que ele faz com suas imperfeições físicas e com seus medos, comparados à coragem e à perfeição do corpo do pai?
- Tudo isso passa, quando o jovem transforma-se em adulto, meu filho.
- Não depois que o senhor separou a Luz das Trevas, pai!
Pomageus olhou para Kleilson e, pensativo, não falou nada.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Para Falar Um Pouco Serio Sobre Religião



As religiões, cada uma por si, são pensadas e constituídas a partir de uma idéia básica, que é a existência de Deus.
Hoje em dia, mais do que antigamente, algumas pessoas admitem que não é mais necessario chamar Deus para explicar tanto a criação do mundo, como para resolver os problemas e as mazelas da vida cotidiana das pessoas.
Num extremo, para José Saramago, o velho escritor português, Deus é a pior criação da mente humana.
Noutro, para os cristãos, Jesus Cristo não só é filho carnal de Deus, como subiu aos céus, inteirinho da silva.
Aqui, perante estas duas posições extremas, eu faço uma ponderação sobre o uso das palavras ou signos na constituição do ser humano, como nos diz Ferdinand de Saussure:
“Psicologicamente, abstração feita de sua expressão por meio das palavras, nosso pensamento não passa de uma massa amorfa e indistinta. Filósofos e lingüistas sempre concordaram em reconhecer que, sem o recurso dos signos, seríamos incapazes de distinguir duas idéias de modo claro e constante. Tomado em si, o pensamento é como uma nebulosa onde nada está necessariamente delimitado. Não existem idéias preestabelecidas, e nada é distinto antes do aparecimento da língua.” Assim, Ferdinand de Saussure nos ensina que a língua produz uma forma e não uma nova substancia. A palavra ou signo é tão somente a forma que o pensamento adota para existir como tal.

Então, pergunto-me o que é uma criança de dois anos de idade, de mãos dadas com a mãe, no meio de uma cidade em movimento?
A primeira resposta que me toma o discernimento é NADA! Claro que este NADA se contrapõe ao tudo que sou e penso como adulto. Um NADA sincrônico saussuriano.
A criança de dois anos de idade, colada às mãos de sua mãe, no meio de uma cidade em movimento, ainda não desenvolveu signos - as palavras - em conjuntos suficientes para que ela possa se entender distinta da existência da mãe.
- Para isso, basta observar uma gata que fica quieta junto ao ursinho de pelúcia, pois, sem a expectativa da palavra na suposta cria, aceita o brinquedo como se fosse vivo.

Concluo que a estruturação do sujeito pela palavra pode ser realizada com quaisquer outros valores positivos da humanidade, além de um possivel Criador do Universo, e que José Saramago pode ser aplaudido por dizer que Deus é a pior criação da mente humana. E, ainda, - que pena - os religiosos ao transmitirem signos ficcionais, como se fossem verdades absolutas, aos seus seguidores, fazem um grande mal à formação das gerações futuras.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Para se divertir com as mentiras que nos contaram


Um dia, enquanto as Trevas dominavam tudo aqui na Terra, um poderoso mágico, vindo de outro mundo, disse: "Que se separe a Luz das Trevas!"
E, foi assim que se inventou o primeiro relogio da humanidade, que, por ser ainda muito rústico, só marcava O Dia e A Noite.
E, o poderoso mágico achou que era bom!
Mas, foi só ele que achou que era bom, pois quando nós aparecemos por aqui, logo desconfiamos que não era tão bom assim.
- Você sabe que no Polo Norte a noite dura seis meses e o dia outros seis meses?
- Nossa! Eu vou prá lá, pelo menos serão seis meses sem que minha mãe me chame cedo para ir à escola.
Mas a coisa não parou por ai, não!
O poderoso mágico, que adorava fazer pelo menos um show diário, já no segundo dia, criou um teto para a Terra, o céu, e separou as águas umas das outras; e, no terceiro dia, criou as árvores; e, no quarto dia, criou o sol, a lua e as estrelas; e, no quinto dia, criou os bichos e mandou que eles crescessem e se multiplicassem na terra e nas águas; e, no sexto dia, gloria das glorias, o poderoso mágico, o cara mais doido que eu já vi, criou o homem e a mulher, e mandou que eles dominassem tudo, como ele dominava, pois criara o ser humano a sua imagem e semelhança.
Quer dizer, criou mágicos dominadores como ele.
- Dominadores, de fato somos possessivos e egoístas, mas nós não somos mágicos!
- Não? E quem escreveu tudo isso? Se não somos mágicos, pelo menos somos bons contadores de historias.
E, foi desta história de trabalhar seis dias e descansar no sétimo - o poderoso mágico descansou no sétimo dia - que se criou o nosso santo domingo de praias, mulheres e de futebol.
Sigmund Freud confessou desiludido para os seus botões, ainda que também tenha sido um grande mágico, que não conseguiu explicar por que o primeiro dia de trabalho de nossa árdua semana de labuta seja dia de feira e ainda mais segunda e não primeira. Ele, num ensaio secreto, que ainda faz com que seus seguidores continuem a pesquisar, escreveu que foi uma tentativa do esperto ser humano de trabalhar somente cinco dias por semana e não seis, como fez o poderoso mágico na crianção do mundo.